terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Processo da Montagem...

O texto O Vermelho e o Negro e a direção de Egbert proporcionaram ao elenco a busca mais primária da essência humana. Conhecer a razão e a emoção que habitam nós atores, e a partir disso acessar o núcleo mais profundo da personagem. Um processo inteiro, difícil, frágil e ao mesmo tempo corajoso, onde todos nós resolvemos nos despir para resgatar sensações amortecidas pelo árduo cotidiano. Diante desse mundo individualizado, percebemos o quanto estávamos distantes da ternura, da consciência coletiva e de um olhar terno e doce com os que tem dificuldades imensas em articular de forma equilibrada a consciência e a sensibilidade. O fato é que ligamos o piloto automático para sobreviver e quando nos damos conta, já somos seres altamente individualizados, produtivos como Foucault já dizia " São considerados loucos os que não produzem para o sistema". Sobrevivendo de acordo com as situações, da forma mais confortável para nós. Esse espetáculo tem a pretensão de tocar e de acessar o âmago mais profundo que permeia cada um de nós. Permita desestabilizar-se para encontrar maior profundidade nas ações e nos pensamentos. Permita que esses personagens gerem identificação, que você espectador encontre o que está aí escondido. Ser, não ser, ter, não ter, ser amado, ser deixado, ser feio, ser bonito, ser cético, ter fé, ser passional, ser racional, ser ser humano. Se você já vivenciou alguma dessas situações você beirou á loucura nesse abismo imenso que insistimos em continuar caindo devagar para ser aceito. E não ser dói... A escolha é sua.

Clarissa Ferreira

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